quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

As Sufragistas - filme presente

Assisti e recomendo o filme As Sufragistas, da Diretora Sarah Gravon. O drama traz o movimento político das mulheres londrinas no início do séc. XX pelo direito ao voto. O elenco é muito bom, a história é presente, tanto no sentido de "acontece agora", quanto "dádiva", ato recorrente nesta fase em que o ano se encerra.
No sentido de "acontece agora",  o voto foi permitido para as mulheres na Arábia Saudita apenas em 2015, segundo informa o filme ao final; os direitos adquiridos pelas mulheres se mostram frágeis, tanto na Europa, quando a crise econômica provoca que o rebaixamento dos salários desta parcela da população seja mais significativo do que o rebaixamento da remuneração dos homens, quanto no Brasil. onde alguns direitos adquiridos são questionados pela ala Eduardo Cunha no Congresso, como o atendimento hospitalar que inclui a pilula do dia seguinte, no caso de estupro, entre outras questões não menos agressivas ao direito da mulher em definir o que acontece com seu corpo.
No sentido de "dádiva", apresenta um bom filme, dedicado a narrar um processo político coletivo e, de forma muito especial, a trajetória individual do "tornar-se política", por meio da personagem Maud Watts (Carey Mulligan, sensacional), uma mulher que vive as condições sociais/familiares/econômicas/trabalhistas que lhe foram dadas com a mesma ignorância que muitos contemporâneos nossos e que, pelo movimento dos outros (das outras, no caso) passa a perceber, na sua realidade, alguma possibilidade de mudança.
O filme toca de forma violenta às entranhas do pensamento que supõe mais competência aos homens que às mulheres, e, de meu ponto de vista, torna-se imperdível, porque levanta o tema de que, parafraseando Simone de Beauvoir, não nascemos políticas, nos tornamos políticas.
Imperdível, necessário e presente, um alento àqueles que hoje revivem os revolucionários e que se espantam quando a maioria das pessoas comuns, supostamente beneficiados pelas bandeiras erguidas, não lhes acompanham.
Tal qual a história Vitor Hugo, na Paris de 1832, as Sufragistas, retratando uma realidade de século depois, mostra que muitos dos que nós representamos, operários, estudantes e pobres, não se sentem, exceto em momentos muito tênues e mesmo inesperados da história, pareados por nossa representação. Nem por isso podemos parar de lutar, porque depois que você vê a luta, não há como se acomodar.
Ao final do filme, cai bem um "fora Cunha", mesmo que Cunha seja apenas um representante, entre tantos, dos valores que precisamos desconstruir.
Veja aqui mais sobre o filme As Sufragistas
http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-116668/#
Veja aqui a reportagem sobre o Projeto que nos tira direitos:
http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=87448
E aqui meus sinceros votos para 2016



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