segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Omelete de forno

A situação política tá tão ruim que optamos por contribuir no debate nacional com uma postagem culinária!
Para quem gosta de omelete e detesta ensebar a cozinha toda com gordura de fritura, segue uma receita inventada neste final de semana:
Você vai precisar:
4 ovos
5 colheres de óleo
1 cebola média
1 colher pequena de alho picado ou um dente de alho picado (eu não pico alho..., acho mais prático os potinhos comprados com alho picado)
4 fatias de queijo mozarela
1 colher de azeite
sal a gosto (eu não uso sal)

Mais fácil impossível:
Picar a cebola em quadradinhos pequenos e colocar numa tigela
Ascenda o forno do fogão para esquentar entre 3 e 5 minutos
Na mesma tigela em que está a cebola, misturar os ovos (com clara e gema, eu retiro só a casca)
O alho (cru)
Rasgue as fatias de queijo com a mão (mais ou menos resultando em quatro pedaços cada fatia) e misture com o ovo, a cebola e o alho (tudo na tigela em que colocou a cebola)
Coloque uma colher rasa de azeite também na misturança - utilize um garfo para misturar tudo
Se for colocar sal, este é o momento. Não exagere no sal.
Pegue uma assadeira (tanto faz o tamanho)
Coloque uma colher de óleo, unte (por dentro apenas)
Coloque as outras quatro colheres de óleo no centro da assadeira
Despeje a mistura na assadeira (essa mistura é o seu omelete)
Coloque no forno. Aqui levou uns 7 minutos.
Você saberá que está pronto - pelo cheiro (se tiver bom olfato) e pela cor: a parte de baixo do omelete fica dourada e, olhando para o forno com a luz ligada, é possível ver que está dourando as beiradas.
Eu comi com acompanhamento de mostarda, ketchup, salada de tomate e duas fatias de pão integral cheio de alpiste (sementes).
Mas talvez o ideal fosse fazer um arroz, para quem não tem tanta preguiça.
As boas notícias: o omelete ficou uma delícia, a cozinha ficou limpinha, a forma (T-fal) não deu trabalho nenhum para limpar porque o omelete ficou soltinho da forma. Suspeito que foi pelas 4 colheres de óleo...
Bom apetite.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Trocando o ponto da vista...

Penso que até no mundo mineral já é sabido que, dependendo do ponto de vista, vemos alguns pontos da paisagem.
Tenho muitas amigas e muitos amigos que sofrem neste instante, e sofrem muito, porque estamos, juntas/os, vivendo uma situação política que não queríamos e sequer pensávamos possível viver novamente. Chico Buarque bem expressou no Largo da Carioca: "não, de novo não, golpe não!", imenso desejo coletivo.
Para entender um pouco dessa situação você precisaria, além de viver num país imenso e que já foi o terceiro pior em desigualdade social do planeta (só perdendo, naquela ocasião, para Honduras e Serra Leoa), ter visto este país sair da condição de indigente para ocupar um lugar de "futuro" no presente - uma alternativa à degradação geral que o capitalismo rentista, excludente e opressor tem se apresentado ao mundo.
Por mais críticas, e legítimas, que tenhamos aos governos de Lula e Dilma, não é possível negar que aumentamos a participação do trabalho no PIB (com o aumento real do salário mínimo, todas as categorias de trabalhadoras/es organizadas tiveram aumento acima da inflação); desenvolvemos o mercado interno e promovemos a diversificação e a política do "conteúdo nacional" na economia; tudo isso com democracia e investimento no combate à corrupção (liberdade, autonomia e concursos públicos, assim como estrutura técnica, para Polícia Federal e MP, além de todas as medidas de transparência nos órgãos públicos - portal transparência entre eles).
Vivemos um momento em que o Brasil e seu povo degustaram, no melhor a la carte, "estar no centro": no eixo da transformação - democrática - de outras culturas, outras propostas, outras relações nacionais e internacionais. Não foi a toa que surfamos com o "outro mundo é possível" do Fórum Social Mundial e o nosso presidente Lula foi reconhecido pelo presidente estaduniense como "o cara".
O que estamos vivendo, ou melhor, passando (porque vai passar): um país sem governo, acovardado frente ao golpe de estado, entregue a um Congresso e um Judiciário contra o povo, contra o resultado das últimas eleições diretas, acobertado por uma mídia safada, nos deixando perplexos, atordoados, desesperados ao ver, por exemplo, um pulha que, em dois dias, DOIS DIAS, faz um parecer sobre a "deforma" da previdência aprovando o "regresso" proposto pelo Golpe e o apresenta no Congresso dizendo "aviso aos navegantes, acabou a vagabundagem remunerada".
Golpe, Reforma do Ensino Médio, PEC 55, "Deforma" da Previdência - tudo contra o povo, contra o voto e contra o bom senso.
Existe, de fato, a crise internacional (permanente do capitalismo, mas que "da hora" é a do petróleo) provocada pela queda do preço internacional do petróleo que, articulada pela Arábia Saudita e EUA, tem uma lista enorme de objetivos, capitaneada pela necessidade de jogar água fria nos BRICS e vingar-se da reação Russa na Ucrânia (2014 - reeleição de Dilma).
É possível ver estes tempos terríveis, que nos mergulham já o pescoço no estrume, de outro modo: a Dilma se deu bem, porque com este Congresso nada ia rolar, afinal, a Veja cumpriu seu papel quando, às vésperas da eleição, mentiu que "Dilma e Lula sabiam de tudo" (sobre os desvios na Petrobras) e, assim, a Revista panfletária provocou um resultado eleitoral que permitiu à oposição fomentar a reação mais politicamente individualista, exacerbada na subjetividade, que estamos aprendendo a por em prática em todas as instâncias da vida social: o resultado não atendeu ao meu desejo individual, então, grito, bato panelas, faço adesivos e cartazes ofensivos, que não discutem posições e sim humilham pessoas; essa "nova forma de fazer política" teve um "encontrão" com o discurso ultra-ultra esquerda: "dane-se a democracia representativa", a chamada da hora é "o povo no poder", representação jamais, o governo Dilma aplicou a cartilha neoliberal na economia (sim, por não fechar o Congresso, único jeito de fazer a auditoria da dívida, implementar a lei de mídias - que discutiu pelos 13 anos - mas não tinha votos para fazer passar no Congresso, entre outras acusações proferidas por quem nunca esteve no executivo); o país está se desmanchando e, mesmo que, com isso, todos que necessitavam de um estado forte para assegurar investimentos, políticas de inclusão na Universidade ou mesmo na mínima dignidade que é ter o que comer, irão perder seus direitos vertiginosamente, são jovens, adultos e idosos perdendo absurdamente seus direitos; a miséria está aumentando, o gráfico inverteu-se na velocidade da luz, será necessário um novo governo de esquerda para reverter o quadro.
Mudando o ponto de vista, da depressão por conta do que estamos perdendo (que é muito), para o que estamos ganhando na defesa de um outro projeto necessário e possível para o Brasil, porque já experimentado com sucesso (e que venceu as últimas eleições), precisamos construir a visibilidade das possibilidades no caminho da democracia, da pluralidade e do desenvolvimento nacional. A crise internacional do Petróleo atingiu 7% do nosso Pibid e 15% de nossa capacidade de investimento e a Lava Jato, no lugar de gerar ganhos para o país reduzindo a corrupção e aumentando os mecanismos de prevenção, paralisou as maiores empresas privadas, as empreiteiras. Mas não somos a Venezuela (onde o Petróleo é a base da economia), somos um país com economia diversificada, referência em desenvolvimento de ciência e tecnologia. As políticas de investimento na educação levaram uma grande parte da população às excelentes Universidades Públicas. Precisamos ver este potencial, abandonar o discurso que começa com "o modelo de desenvolvimento dos governos Lula e Dilma estão esgotados" , primeiro porque desenvolvimento econômico com inclusão social, democracia e conteúdo nacional não está esgotado, está iniciando (o que não significa dizer que não terá embates com o modelo capitalista); segundo porque nenhuma esquerda vai avançar como alternativa de governo negando os ganhos do país (com os governos Lula e Dilma) em seu conjunto. É preciso reconhecer os acertos, destacá-los, construir a melhoria do modelo, não destruí-lo ou abandoná-lo.
A conjuntura política para esse novo governo está em parte construída, falta avisar os russos, neste caso, a esquerda, para que equilibrem o discurso, construam a tal da unidade programática, parem de se flagelar. Pelo que demonstrou a disputa pela Prefeitura do Rio, guardadas as diferenças entre uma eleição nacional e uma eleição local, neste "ajuste" de comportamento necessário para que a unidade programática possa ser construída está o maior desafio do momento.