segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O currículo da escola organizada em ciclos de formação

Quais seriam os princípios que orientam a organização escolar em ciclos de formação? Agrupar, no ensino fundamental, crianças e adolescentes pela idade e não pelo conhecimento anterior provoca nossas práticas curriculares e avaliativas. Viajei. atendendo ao convite da UNEMAT (Universidade do Estado do Mato Grosso), até o Campus de Juara, no meio do Brasil, para discutir o tema no X Seminário de Educação do Vale do Arinos: Políticas Públicas e suas Diversidades e no III Seminário do Pibid.
Aqui você encontra a apresentação:

Apresentação slides X SEVA O currículo da escola organizada em ciclos

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Vamos discutir sobre o Pibid?


Trabalho no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - Pibid, desde 2009, no segundo Edital lançado pela Capes. Lembro das dificuldades iniciais de compreender o Edital e de um telefone direto da Capes no qual Tânia, se não me engano, atendia de forma prestativa e, de imediato, sanava todas as dúvidas [foi minha primeira experiência concorrendo a um Edital da Capes, daí minha dúvidas primárias e imensas]. Bons tempos aqueles... Agora não se acessam mais as pessoas diretamente, os telefones vão para uma central que, pelo que percebo pela falta de entendimento das questões, deve ser mantida por estagiários que pouco conhecem os Programas. Mas o desconhecimento dos Programas parece não ser só localizado naqueles que atendem o telefone.
Voltando um pouco, existem dois Programas do Governo Federal com os quais eu trabalhei e que vou defender para sempre: Escola de Gestores e Pibid.
A Escola de Gestores consistia em uma especialização, semi-presencial, oferecida a diretores e vice diretores (depois houve uma ação para coordenadores pedagógicos) de escolas públicas municipais ou estaduais por Universidades Públicas, destinado a orientar o Gestor/a Gestora, a rediscutir ou construir um Projeto Político-Pedagógico para sua escola com a participação da comunidade escolar. Isto implicou, na vida de quem eu conheci fazendo o curso (eu fui professora tutora e depois, vice-coordenadora, na UFRJ e Unirio, respectivamente), que o retorno à Universidade se desse de forma gratuita (o curso era sem taxas ou custos para as/os estudantes), fazendo com que muita gente pudesse experimentar experiências relativamente novas (em suas experiências pessoais/profissionais) 1. estudar em uma Universidade Pública, onde circulam movimentos de pesquisa e extensão; 2. desencadear um processo participativo em sua escola com a orientação da Universidade; 3. produzir uma monografia relatando o processo, o que, em alguns casos, oportunizou o retorno de forma mais permanente à Universidade, para seguir em estudos de pós-graduação em nível de mestrado. Hoje oriento uma tese de doutorado de uma estudante que retomou seu percurso formativo por meio da Escola de Gestores.
Se o conhecimento está sempre sendo produzido, é imprescindível que aqueles que trabalham com educação sejam acolhidos nos espaços dessa produção (por certo não são só as Universidades produzem conhecimentos, mas um dos diferenciais deste espaço é a produção de conhecimento de forma a que os conhecimentos aqui produzidos sejam validados nos espaços acadêmicos, ou seja, espaços de estudos de novos conhecimentos). Na minha avaliação trata-se de um Programa que fez a diferença nas escolas públicas, nas comunidades envolvidas pelas escolas e na vida de diretoras e diretores que colaboram com a construção de um projeto nacional de educação. Evidentemente, todos os problemas que a educação enfrenta hoje (dentro e fora do Brasil) não serão resolvidos por um Curso de Especialização, mas a "métrica" de avaliação precisa contemplar a diferença que as ações provocam na vida das pessoas (neste caso, direções, estudantes e comunidades que discutiram coletivamente o Projeto Político-Pedagógico da escola). Não precisa muita perspicácia para perceber que a vivência de democracia (entendida como o empoderamento de discutir um Projeto para a escola) é uma importante vivência para a democratização da escola (mesmo que a democratização não se resuma a isto), assim como a vivência da Universidade, para o desempenho profissional.
Outro Programa é o Pibid. Nunca trabalhei em um Programa em que os depoimentos dos participantes fossem tão carregados de emoção, de valorização da profissão docente, de boas expectativas em relação à escola. Para mim, só estes pontos: valorização da profissão docente e desenvolvimento de boas expectativas em relação à escola já valem o investimento. Até dois anos atrás sempre orientei estágios docentes. O Pibid é uma proposta diferente porque "amarra" a parceria Universidade e Escola em um compromisso de diálogo, de troca de conhecimentos, de aprendizagem mútua.
Basicamente o Pibid, por meio de bolsas para professores das Escolas públicas, estudantes de licenciatura e professores das Universidades que atuam em cursos de licenciatura, provoca a imersão da formação de professores na escola, em parceria, e fortalece os estudantes em formação e, por consequência-bônus, os cursos de licenciatura. A seguir tem um filme que pode colaborar a entender o que o Pibid faz, espero que ajude ao Ministro da vez perceber que é mais que melhorar o IDEB. E que o IDEB, nas condições dadas, só melhora com safadeza, como aprenderam e relatam tantos estudos sobre os efeitos dos testes de larga escala nas práticas escolares:
O Pibid segundo os bolsistas de iniciação à docência (estudantes em cursos de licenciatura):
https://youtu.be/QxEZEYC9oac

O Pibid tem dois polos: escola e universidade. Somente colocar o estudante de licenciatura na escola não é suficiente para colocar em diálogo os conhecimentos acadêmicos com as práticas docentes. Somente os conhecimentos acadêmicos não dão conta da formação de professores, é preciso que os conhecimentos da prática sejam apropriados, por vezes criticamente. Atualmente os professores da escola publica (bolsistas que recebem os estudantes de licenciatura) participam de atividades na Universidade e a Universidade (professores coordenadores dos projetos) participa de atividades nas escolas públicas. E os estudantes licenciandos, bolsistas do Pibid, participam de atividades na Escola e na Universidade, buscando desenvolver práticas que tenham relevância para a escola e para sua formação.
Como tudo agora (as leis, os direitos, as ações que estão funcionando) parecem precisar que, cotidianamente, sejam disputadas, precisamos assegurar que o Pibid não retroceda, ou seja, que a integração Universidade e Escola na formação de professores seja mantida com os recursos financeiros que estão envolvidos nisto: bolsas e custeio (dinheiro para compra de material para o Programa, participação em congressos).
Convidamos que as pessoas que conheçam o Programa colaborem com mais esta mobilização, assinando o abaixo assinado no link a seguir:

http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR86210

Há também esta petição em circulação, recomendamos assinatura:

https://www.change.org/p/deputado-ricardo-barros-somostodospibid