quarta-feira, 8 de maio de 2013

Baudrillard & Russo: doses docesamargas para nossa (hoje) vida adulta

"Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão
E o descompasso e o desperdício herdeiros são
agora da virtude que perdemos.
(Há Tempos, Dado Villa-Lobos, Renato Russo, Marcelo Bonfá)


Quando as coisas, os signos, as ações são libertadas de sua ideia, de seu conceito, de sua essência, de seu valor, de sua referência, de sua origem e de sua finalidade, entram então numa auto-reprodução ao infinito. As coisas continuam a funcionar ao passo que a ideia delas já desapareceu há muito. Continuam a funcionar numa indiferença total a seu próprio conteúdo. E o paradoxo é que elas funcionam melhor ainda. 
(Baudrillard, A transparência do Mal, p. 12)
 
Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo
Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor
E toda a dor vem do desejo
De não sentirmos dor.
(Quando o sol bater na janela do teu quarto, Dado, Russo, Bonfá)
 
Não somos mais tão jovens...
 
Assisti "Somos tão jovens", de Antonio Carlos da Fontoura. O filme conta como Renato se tornou "Russo", além de outras coisitas interessantes da sua juventude: a amizade e crise com Aninha, a contextualização de algumas frases sensacionais que inspiraram músicas ("festa estranha, com gente esquisita", entre outras) , o "roubo" das histórias de vida dos amigos. Como o cenário era Brasília, entre 1973 a 1985 (mais ou menos isto), você ainda ganha pouquinhas noções sobre a ditadura militar e, de brinde, uma noção do surgimento do Capital Inicial, o s(S)ucesso dos Paralamas na época, além de tiradas engraçadas da vida cotidiana. O Thiago Mendonça parece mais com o Renato Russo que o próprio Renato Russo!!! Dá para perceber que faltam algumas coisas no filme, mas mesmo que fosse uma tela branca que apresentasse apenas as músicas do Renato, já valeria a pena. O mais marcante, ao final, além da sensação de saudade, é a contemporaneidade da desesperança.
 
 



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