quarta-feira, 23 de abril de 2014

Desdobramentos atuais dos avisos de "Capitalismo - uma história de amor", Michael Moore

Há uma passagem do filme de Moore em que ele mostra um memorando interno do Citigroup onde a instituição alerta para o perigo de uma pessoa, nos sistemas democráticos, corresponderem a um voto. Do ponto de vista do grupo defendido pela instituição, isto é um perigo porque os 99% poderiam conseguir que, em algum momento da história, seus interesses fossem representados pelos governos que elegem, de forma a prejudicar os interesses do 1% que detêm o poder no mundo.
O estado nem sempre defende apenas estes poderosos 1%, há negociações e, como resultado, alguns interesses ou mecanismos de alguma defesa formulados em prol dos 99%. Todavia, a crise de 2008, seus desdobramentos e, entre eles, a piora das condições de vida e trabalho no planeta (instabilidade política, perda de salários, perda de direitos no que se refere ao acesso universal a saúde, educação e renda, inclusive em espaços sociais que, mesmo a custa de outras populações exploradas fora dos seus protegidos territórios, apresentavam proteção social mais forte) e a popularização do conhecimento das formas de corrupção (filmes como O Capital, Trabalho Interno, O Lobo de Wall Street, livros Ódio ao Ocidente, A Riqueza Desmistificada, portais críticos como Le Monde Diplomatique Brasil, Carta Capital, Outras Palavras, Caros Amigos) têm gerado uma fórmula complicada para os 99%: de um lado, um descrédito generalizado no estado, nas formas políticas de representação e negociação em que se constituem os partidos políticos e de outro lado, dos 1% que se apresentam desnudados e ácidos defensores do uso do poder sustentado pela concentração da riqueza que possuem, desvelam-se como merecedores do dinheiro, do poder e da vida que levam, acima das leis, dos impostos e na prática de corrupção que provocam no estado, mas que dela se esquivam.
É certo que o estado está impregnado de práticas que não nos ajudam a defende-lo: desde práticas cotidianas de desqualificação do serviço prestado (da recepcionista ao alto escalão, que se entende superior ao povo a qual deveria atender), até o que talvez seja o seu pior - a forma como a polícia age. É certo também que alguns de nós (99%) ainda agimos como o pinscher que aparece no filme de Moore, nos esforçando para pular e alcançar a mesa do banquete. Mas parece-me que também, entre nós, temos alguns que acreditam na possibilidade de alguma ação. O problema agrava-se na medida que acrescemos à crise a falta de elaboração de alternativas.
Ler mais:
http://outraspalavras.net/posts/o-contra-ataque-dos-super-ricos/
Não perder:
Caros Amigos, 205/2014, R$ 10,90:
"A direita sai do armário"
Levo a Revista nesta quinta, para quem desejar ler mais.

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