quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O substituto - Tony Kaye

Aproveitando os dias quentes do carnaval do Rio, onde até passear na praia requer coragem, tanto pelo calor, quanto pela quantidade de gente acumulada neste pequeno território, assisti o filme O Substituto, de Tony Kaye. O filme reforça o discurso sobre o caos da escola, ao apresentar uma instituição que parece ter apenas adolescentes desencontrados, professores frustrados e famílias equivocadas quanto a criação de seus filhos e o espaço da escola nesta educação. Se você está entrando para o magistério agora, não assista! Você pode entrar em depressão ou reduzir sua visão da escola a um amontado de problemas sem saída e onde todos tem razoável porção de culpa, expressada no sofrimento cotidiano. Apesar disto, e com essencialmente isto, o filme provoca uma possibilidade de divagar pelos caminhos pantanosos da existência, pelo não ser permanente, pelo desapegar-se de si mesmo, pela negação das relações cotidianas. O pianista (Adrien Brody) agora é professor "substituto" (Barthes), sem apego e, também, sem sossego, pelo passado e pelo presente. "Eu nunca me senti tão profundamente distante de mim e tão presente no mundo", citação de Albert Camus que aparece no início do filme e reforça-se em todo o desenrolar das misérias humanas retratadas. O drama traz uma crítica ao Programa estaduniense ainda tão valorizado no Brasil (que surfa nas ondas provocadas pela defesa dos testes de larga escala em educação como promotores da qualidade da escola) "Nenhuma criança deixada para trás" e ao mercado-mídia (que vende imagens publicizadas de mulheres objeto, BBBs, MMA, Neymares, etc). O filme ainda faz um apelo à leitura e literatura, como fontes de compreensão (e, de certo modo, transcedência) dos nossos sofrimentos construídos nos limites cotidianos. Se você carnaveleou, pode ser um instrumento de retorno à depressão (opss), ou de provocação de um debate sobre a escola: seria tudo dor e sofrimento? Está disponível nas locadoras, tem um elenco de primeira linha e uma produção visual muito interessante. Aconselha-se acompanhamento de vinho branco gelado. 

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