domingo, 7 de novembro de 2010

Sobre políticas identitárias e práticas pedagógicas: comentário do filme A Onda

Disponível nas locadoras, o filme A Onda, do diretor Dennis Gansel (Drama, alemão, 2008, censura 16 anos), traz uma prática pedagógica de um professor de educação física e ciências sociais que propõe trabalhar, em uma semana de projetos escolares, o curso Autocracia. A proposta de abordagem do conteúdo se faz dentro do que acreditamos hoje como mais significativo em educação escolar: a vivência de uma experiência que ensina o conteúdo "por dentro dele". O filme tem muitos motivos para ser visto, não é mais um enlatado norte-americano, o que por si só já é um ótimo motivo - ajuda a desformatar a sua mente -, traz algumas das nossas brigas entre professores pela disputa de cursos e da admiração dos estudantes, passa levemente pela discussão de como um professor (no caso o rival do protagonista) pode acabar com um curso que, em princípio seria legal (o sujeito consegue trabalhar de forma autocrática um curso sobre anarquismo), provoca a discussão do "aprender pela vivência" e, na periferia, ainda discute a questão da disciplina na escola. As minhas sensações e recomendações positivas passam principalmente (1) pela discussão das políticas identitárias: uma juventude que se sente esvaziada, jovens solitários, relações familiares difíceis e a sensação juvenil de abandono e menos valia (que ultrapassam as questões de classe social ou falta de dinheiro), associada às necessidades (muito fortes na juventude) de pertencimento a um grupo; (2) a necessidade de saber o que estamos fazendo, com o que estamos lidando, quando somos professores. Uma pergunta fica para o debate entre os que assistiram ao filme: até que ponto o professor foi incorporado por sua criação?

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